O objetivo principal deste artigo é informar o leitor não só apenas de como funciona o processo de recuperação do dependente químico, mas demonstrar auxiliar o leitor na escolha de um tratamento adequado ao seu ente querido sendo ele em clínicas de recuperação ou hospitais psiquiátricos.
Sendo assim, apesar de diversos tipos de instituições que atualmente estão disponíveis no mercado, com diversos tipos de tratamentos diferenciados, a meta final é a mesma, a recuperação e a reintegração social do paciente que sofre da dependência química ou da doença da adicção.
Codependência e Internação
Ninguém escolhe nascer com um transtorno do comportamento, ninguém escolhe ser dependente químico e ao mesmo tempo, ninguém escolhe que um familiar, seja adicto. Portanto, o sofrimento não está somente atrelado a pessoa que tem dependência, mas à um conjunto entre adicto e familiar. Em outro artigo escrito neste blog (clique aqui), demonstramos que a doença da dependência química, gera ao redor do indivíduo que sofre desse transtorno, uma atmosfera que não só envolve o tratamento do paciente, mas sim o tratamento dos familiares também.
A matemática é simples. Quanto mais o adicto se envolver com a substância e mais forte perdurar esse uso, inversamente proporcional se tornará desequilibrada a sua relação com seus familiares. Ou seja, quanto mais estável a relação do uso, mais se intensificam as maneiras de defendê-la e consequentemente mantê-la. Seja através de manipulação de familiares, de mentiras, terceirizando a culpa, justificando o uso à qualquer custo. É triste e real, mas o comportamento muda drasticamente.
Sendo assim, para os familiares que convivem com uma pessoa que sofre desta doença, fica difícil tomar atitudes certeiras, rápidas e eficazes de imediato. Normalmente o familiar, não sabe como agir porque inconscientemente, também está adoecido e emocionalmente enfraquecido. Foram tantas situações de desgaste que a pessoa acaba, por falta de informação ou não saber como proceder e acabam deixando com que o quadro se agrave. A insegurança perdura por causa das mentiras e manipulação, sem que o familiar perceba, já que está em uma relação de codependência.
Em casos mais extremos de dependência onde o adicto recorre com muita frequência ao uso, de maneira a não conseguir cessa-lo, o processo de internação ou institucionalização é necessário. E quando isso acontece, por mais difícil que seja para ambas as partes, os resultados à longo prazos são benéficos. O processo de cessar fogo do uso se instala e quanto mais tempo limpo, mais se adere ao tratamento. Além do mais as barreiras da codependência se quebram e o familiar também cessa o processo de preocupação recorrente, e volta a ter uma vida aparentemente normal.
Tipos de Instituições
Antes de escolher entre clínicas de recuperação ou hospitais psiquiátricos deve-se analisar o quadro da pessoa que se vai internar. Apesar da doença ser a mesma em grande na grande maioria dos pacientes, existem alguns dependentes que acabam por desenvolver comorbidades devido ao abuso das substâncias. E algumas instituições são mais precisas ao atender esses tipos de pessoas que sofrem com mais de um desses distúrbios. Sendo assim acham-se muitas instituições que fazem o tratamento da dependência química, mas normalmente essas entidades dividem-se em dois grandes grupos: Hospitais Psiquiátricos e Comunidades Terapêuticas (popularmente conhecidas como clínicas).
Comunidades Terapêuticas – CT’s
As comunidades terapêuticas (popularmente denominadas clínicas ou CT’s) normalmente são comunidades isoladas; aparentando serem chácaras ou fazendas; podendo ser abertas ou fechadas. Mas que mesmo assim oferecem atendimento psicológico adequado, consulta médicas, equipe de enfermagem, equipe de monitoria (monitores contratados ou pacientes com tempo maior de permanência), terapia ocupacional, laborterapia atividades de lazer ao ar livre, e outras atividades integradas ao tratamento. Apoio de grupos como A.E (Amor Exigente) e reuniões em grupos de N.A (Narcóticos Anónimos) são predominantemente frequentes e muitas das rotinas pré-estabelecidas dentro das instituições ajudam e facilitam com que o paciente tenha o máximo de proveito e adesão ao tratamento.
CT’s Abertas
As comunidades terapêuticas abertas, são comunidades em que os pacientes que estão institucionalizados, têm o livre arbítrio de permanecer ou não dentro desse ambiente. É como se voluntariamente estivessem optado pela internação, podendo escolher ou não estar lá. Não existem limites pré definidos. Não há grandes muros que delimitem o espaço, não há uma obrigatoriedade na adesão ao tratamento. Se dependente está lá, está literalmente porque quer.
CT’s Fechadas
Diferentemente das CT’s Abertas as comunidades terapêuticas fechadas são espaços de tratamentos bem delimitados e preparados para a adesão de tratamento de dependentes químicos e adictos que não consentem voluntariamente ao tratamento. Normalmente esse tipo de internação é denominada, internação compulsória. São nesses espaços onde normalmente existem pessoal de prontidão 24 horas sete dias por semana. Pois algumas das internações que podem ser realizadas por ordem judicial e consequentemente o paciente necessariamente precisa cumprir certo tempo de permanência dentro desses estabelecimentos.
Impreterivelmente em CT’s fechadas, normalmente existe uma equipe de apoio a clínica, que dá auxílio às equipes de enfermagem e médica local. Além de manter a estabilidade emocional dos paciente (evitando confrontos e brigas) e a realização de resgates caso haja fuga. Essa equipe de apoio é denominada GAP , e são os olhos da clínica. Os GAP’s pessoas que já possuem uma longa estadia na clínica e se oferecem voluntariamente para ajudar nesse processo de monitoria ou agentes treinados pela instituição e com formação e competência para atuação desses resgates.
Hospitais Psiquiátricos
Hospitais psiquiátricos são hospitais ou centro de tratamentos onde não são apenas realizados os tratamentos para pacientes que sofrem da adicção e dependência química, mas pacientes que também possuem de leve à grave graus de transtornos relacionados à doenças mentais ou doenças que estão relacionadas ao uso, classificadas como comorbidades. Normalmente essas instituições não são tão comuns como as comunidades terapêuticas, porque geralmente seu tamanho e infraestrutura são consideravelmente maiores. Existem hospitais psiquiátricos que ocupam hectares e hectares de extensão, e normalmente são bem delimitados, ou seja, instituições fechadas. Os dois maiores centros de tratamento de doenças psicossomáticas no estado de São Paulo são :” Clínica Luis Antônio Sayao e Institudo Bairral de Psiquiatria de Dependência Química” ambos com parcialidade de tratamento gratuito, mas onde predominantemente o tratamento particular prevalece.
Uma Escolha Consciente
Tratar de alguém que amamos não é fácil. Muitas questões são envolvidas na hora de recorrer ao processo de internação, mas a escolha do local deve ser feita com muita análise e consciência. Cruzar as informações necessárias para realizar uma escolha consciente e eficaz na hora da adesão ao tratamento é importante. Portanto antes de escolher entre clínicas de recuperação ou hospitais psiquiátricos, peça ajuda.
Peça a ajuda de alguém especializado. Seja ele um psiquiatra ou um psicólogo, mas não guarde dúvidas para si, sempre procure a ajuda. Se seu filho(a); marido / esposa; parente; amigo; ou conhecido sofre da dependência química, procure se informar com profissionais da área da saúde. Se você precisa de uma internação rápida mas compulsória, vá até unidades de atendimento psico-sociais (CAPS) da sua cidade e procure informação e os meios pra conseguir isso. Lembre-se, às vezes você não esta apenas ajudando, mas sim salvando uma vida.