Atividade Física e Dependência Química

Não é novidade pra ninguém que a atividade física faz super bem pro organismo. Desde a liberação de hormônios como serotonina, endorfina, adrenalina, noradrenalina, dopamina entre outros mais que são primordiais para o funcionamento adequado do organismo. Praticar atividade física é ótimo para o corpo, para mente e alma. Ela ajuda demasiadamente no sistema de recompensa do cérebro, pois ativa certos hormônios do prazer e consequentemente ao final, um prazer. É na corridinha matinal; nas saídas ao fim de tarde; na natação uma vez por semana; na pelada; no vôlei; ou apenas aquela caminhada com seu melhor amigo; além de estar movimentando o seu corpo e produzindo esses hormônios, dá pra ficar em forma. Mas como a atividade física pode ajudar pessoas que sofrem da dependência química? A resposta é totalmente. Ela ajuda e muito em 100 por cento do tratamento.

Voltando ao sistema de Recompensa do Cérebro

Como já visto anteriormente no artigo sobre sistema de recompensa do cérebro (clique aqui) os exercícios físicos, ao praticados, fazem com que haja a liberação desses mesmos hormônios benéficos que, posteriormente, trarão sensação de bem estar. Portanto, principalmente para pessoas que sofrem de comportamento adictivo, ansiedade, transtorno de ansiedade generalizada (TAG), dependência química, entre outras comorbidades ligadas à área, a prática da atividade física serve como uma força matriz na ajuda ao tratamento como agente fabricante dos mesmos hormônios que foram produzidos em excesso por substâncias químicas ao decorrer do uso recorrente.

Claramente a prática de exercícios físicos não leva a mesma quantidade da produção desses hormônios na escala em que as substâncias químicas como nicotina, cocaína e crack produzem de uma vez só. Mas em suma, numa produção diária e constante de maneira que, após a pratica, surja a sensação de dever cumprido e consequentemente, bem estar.

Mais que preguiça, uma questão genética

Atualmente vivemos em um mundo onde o temos mais dinheiro, muito mais informação de qualidade, mais pessoas, mais comida, mas concomitantemente menos tempo. Somos o futuro de gerações passadas que jamais imaginariam o mundo dessa maneira, somos multi-task, mas o que menos temos é tempo para nos cuidarmos. Necessitamos que tudo e todos nos saciem imediatamente pois acostumamos com essa nova rotina. O mundo mudou rápido porque o transformamos, mas nossa natureza não acompanhou essa mudança. O nosso cérebro ainda está voltado pra satisfazer apenas o básico do básico para sua própria subsistência. Portanto vamos levantar a premissa de uma indagação sobre essa questão.

Mas se a atividade física que é extremamente vantajosa, e nós sabemos a necessidade dela pra nossa vida para ajudar a ter qualidade, porque é tão difícil introduzir em nossa rotina e realizar? Porque existe um fator denominado preguiça e é ele o responsável por fazer com que nós, deixemos de praticar atividades físicas e além do mais outras atividades que façam com que nós, gastemos energias.

Moldado em uma época de miséria.

Como citado em um dos vídeos do Dr. Dráuzio Varella é natural do ser humano que a questão do sedentarismo se sobressaia em relação à prática de atividades físicas, ou seja o exercício físico é contra a natureza humana. Nós carregamos em nossa carga genética a necessidade de não gastarmos energia, ou seja, o organismo humano tende a sempre guardar energias para que quando necessário, sejam gastas de forma a suprir a necessidade da vida. Normalmente os animais, incluindo nós seres humanos, gastamos nossas energias atrás de sexo, atrás comida e para fugir de predadores. Tendo essas três necessidades realizadas os animais não tendem a gastar energias. “O nosso cérebro foi moldado em uma época de miséria em que não havia comida. Então, nós tendemos a comer ao máximo o que podemos como faziam nossos ancestrais e depois ficar parado e descansar. Por isso tanta preguiça.” Drauzio Varela em seu vídeo no YouTube:

Dependência química VS Atividade física

Bom se sabe que a prática de atividade física libera muitas coisa boas no organismo, e ao mesmo tempo nos torna saudáveis. Mas e a questão da ingestão das substâncias químicas. E o ato de se drogar com frequência, o que a pessoa que faz a prática recorrente do uso de substâncias químicas quer? Ou melhor o que o cérebro dela quer?

“Unir o útil ao agradável” – simplesmente isso. Um prazer instantâneo gastando o mínimo de energia. O cérebro vai ser inundado de diversos hormônios que posteriormente irão gerar a sensação de prazer instantânea, através de um estimulo externo, gastando o mínimo de energia necessária envolvida nesse processo.
Partindo dessa premissa, porque recorrer à atividade física ou criar o hábito da prática de exercícios se você terá que gastar energia pra conseguir uma quantidade bem inferior de hormônios de te produzirão a sensação de prazer? Se você pode se pegar uma substância ou um estímulo externo, gastando bem menos energia corpórea pra isso?

Uma Jogada de Mestre, Drible seu Cérebro.

Não é fácil realmente criar esse hábito. Temos que quebrar questões genée Dependência Químicaticas que envolvem muito mais que a preguiça propriamente dita. Temos criar mais um espaço nosso dia, e programá-lo, para poder inserir uma prática tão saudável que não nos irá beneficiar de imediato. É um grande desafio. Mas é extremamente necessário.

Se você é dependente químico ou sofre constantemente de um comportamento adictivo, engane seu cérebro. Não o ingira substâncias químicas com o intuito de produzir enormes quantidades de hormônios que ao fim gerarão prazer. Faça uma jogada de mestre, drible o seu cérebro. Comece praticando atividades que te vão gerar prazer. Além das atividades físicas que você deve praticar, realize tarefas que você se sinta bem. Como cozinhar, pintar, escrever, passear, e não deixe o seu cérebro querer usar os instintos primatas dele na sua vida. Reprograme seu cérebro todos os dias, de forma que consiga vencer os seus “instintos” naturais.

Nutrir o corpo é importante; a mente e o espírito, imprescindível…

Ao contemplarmos o próprio semblante nos reflexos do mundo podemos fazer um mapeamento aproximado de como estamos conduzindo nossas vidas, interiormente. Vale a pena “perder” alguns instantes nesta tarefa, pois aí estão delineados os traços que nos aproximam ou nos afastam dos outros; de nós mesmos, em essência.

Maria Aparecida Giacomini Dóro

Autor do Texto: Renan Rugolo Ré

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