Esse texto não tem a intenção de demonstrar uma formula mágica de como evitar o processo de recaída dentro da dependência química, mas sim ajudar a entender quando se está em processo de recaída comportamental, antes da questão propriamente dita de uso. Normalmente os dependentes químicos aprendem dentro de instituições, em rodas de conversas e em grupos de apoio (N.A – A.E) que a questão do uso da substância química cessa o processo de recaída. Já que a droga é como se fosse a “ponta do iceberg” ou a “famosa cereja do bolo”, referente à esse processo. Conjuntamente a maioria dos dependentes químicos sofrem da doença da adicção. Ou seja, sofrem de uma doença incurável, progressiva e fatal. Onde a compulsão e a obsessão são notoriamente evidentes.
É muito comum ouvir relato de adictos que dizem não conseguem lembrar do que levou os a usar. A frase “quando me dei conta, já estava lá” “usei e nem percebi” “não sei o porque fiz isso ou àquilo” é muito comum porque não se há um treino de avaliar o pensamento antes de se tomar a atitude. Por isso é muito importante que ao longo do tratamento da dependência química, o indivíduo busque muito conhecimento sobre o assunto, sobre sua droga de escolha, faça um acompanhamento psicoterápico ou psiquiátrico para poder ter uma adesão ao tratamento e consequentemente evitar o processo de recaída.
A maioria das pessoas que frequentam grupos de apoio, principalmente em N.A, são sempre surpreendidas quando algum membro que têm uma quantidade maior de tempo limpo diz: “Vocês sabem qual é o símbolo de A.A (Alcóolicos Anônimos)?” a maioria não sabe, mas se surpreende com a simplicidade da resposta. “É a tartaruga, pois ela sempre chega ao seu destino, no seu tempo e dando um passo de cada vez”. E é exatamente isso. Os adictos são tão acostumados à atropelar as situações já que estão habituados com a compulsividade e a obsessão pela substância, que sequer conseguem contemplar a questão do presente e quanto menos observar pensamentos. Então por um “pé no freio” e dar uma relaxada ao invés de alimentar o pensamento agitado e constante é primordial
Mudar a rotina e treinar o pensamento diariamente. Sim, essa é a fórmula mágica para evitar o processo de recaída. Todo início de recaída tem um gatilho, e é aí que o dependente químico tem de estar muito atento. Pode ser um gatilho físico ou emocional, um ambiente, uma pessoa ou qualquer coisa que esteja atrelada à esse comportamento deve ser evitada ou repensado sobre. Pois justamente gera um pensamento ou uma memória eufórica do uso. É na fase de ATIVA* que o dependente químico ou portador da doença da adicção abre o leque para justificar seu uso e criar seus vínculos negativos sobre pessoas, lugares e hábitos.
Evitar pessoas que gerem sensações negativas ou que estejam dentro do processo de uso ou que frequentavam os mesmos lugares. Evitar passar próximo à bares e biqueiras ou à corredores nos mercados que vendam bebidas alcoólicas para não sentir desconforto e não ceder à vontade do uso. Evitar comportamentos agressivos e violentos, sejam em discussões familiares ou com pessoas próximas. Evitar tudo que gere a sensação de desconforto ou lembrança dos momentos da ativa.
Esse é o momento primordial, agora que você já evitou os lugares desconfortáveis é a hora de escrever um mapa mental sobre o que te levava a usar. Não é a toa que para você se recuperar, precisa de um tempo para olhar para si mesmo, refletir sobre suas ações. Quando estiver mais reservado, comece a organizar seus pensamentos e posteriormente influenciar em suas ações.
Por fim, primeiramente, seja grato. Sem a substância o que você consegue ver que fluiu no seu dia ou no tempo em que você não usou. Fortaleça uma questão de transcendência consigo mesmo e com o divino, seja espiritualizado. Tenha uma rotina saudável pra consigo mesmo, seja na alimentação ou até mesmo nas atividades físicas. Pense sobre suas atitudes na época que você usava e como isso te fez mal e mal à quem te ama. Reorganize-se, seja na vida pessoal como nos seus relacionamentos inter-pessoais que ao final, você vai colher coisas boas e se surpreenderá com os resultados e ao final evitar o processo de recaída comportamental e posteriormente, da substância em questão.
“Eu comecei a tratar da vida como se fosse um carro. Para apreciar a vista eu tinha que parar de olhar no retrovisor do passado e contemplar o que havia agora. O que estava à frente no para-brisas será meu futuro e eu só chegarei lá com segurança se for na velocidade certa e com o veículo em bom estado”
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